A Mothers’ Union é um movimento anglicano global, impactando a vida de milhares de mulheres, meninas e comunidades. A presidente mundial, Sheran Harper, falou ao ACO sobre justiça de gênero, dignidade humana e passos práticos para promover a igualdade.
Como a igualdade de gênero e a violência de gênero minam a dignidade humana?
A liberdade de qualquer forma de violência é um direito humano fundamental, mas vemos inequidades e injustiças persistentes que impedem que mulheres, meninas e minorias de gênero realizem seu potencial dado por Deus. O desrespeito constante, a opressão, o abuso e a violência em todas as suas formas traumatizam não apenas as vítimas, mas também suas famílias, deixando cicatrizes psicológicas para toda a vida e, muitas vezes, o luto pela perda de um ente querido.
Como pessoas de fé, somos chamados a desafiar, condenar e promover mudanças duradouras para que todos possam viver livres do medo e tenham direitos, status e oportunidades iguais para competir de maneira justa em qualquer área – afinal, mulheres e homens são igualmente feitos à imagem de Deus. Gen1:27
Como a Mothers’ Union trabalha para promover a justiça de gênero?
O trabalho da Mothers’ Union é baseado em valores cristãos e visa apoiar famílias e comunidades, com ênfase especial no empoderamento das mulheres, proteção das crianças e pessoas vulneráveis.
A Mothers’ Union muitas vezes se concentra em habilidades práticas, programas e apoio que podem fazer a diferença na vida dos indivíduos e comunidades, como alfabetização e educação financeira, programas de poupança e crédito, e educação para a saúde. Essas iniciativas são projetadas para fortalecer a capacidade das comunidades e fomentar a autossuficiência.
Para a defesa local, a Mothers’ Union foca em questões que impactam diretamente as famílias e o bem-estar das mulheres, influenciando políticas e práticas locais; e utilizando sua rede e base cristã para defender mudanças positivas em áreas como igualdade de gênero, proteção infantil e serviços de apoio familiar.
Uma delegação da Mothers’ Union participa anualmente da Comissão das Nações Unidas sobre o Status da Mulher (UNCSW) como uma voz contra questões que impactam as mulheres. Somos parte da delegação da Comunhão Anglicana e contribuímos preparando declarações, participando de eventos paralelos, co-assinando declarações com a Faith in Beijing Coalition e com a UKCSWA. A Mothers’ Union em todo o mundo também observa 16 dias de Ativismo contra a VBG.
Como a Comunhão Anglicana pode ser uma voz de esperança, justiça e igualdade?
A Igreja deve estar disposta a promover e apoiar a plena participação de mulheres e meninas em todos os aspectos dos papéis de liderança na vida da Igreja e da comunidade. Defender que todas as vozes e experiências sejam ouvidas, especialmente nas discussões sociais e teológicas e nos processos de tomada de decisão.
A Igreja tem um papel e uma responsabilidade cruciais na defesa da equidade e da justiça. O engajamento da Igreja com os governos é vital. Dá à Igreja uma plataforma forte para se opor a todas as formas de discriminação, injustiça e opressão. Juntamente com os governos, a Igreja pode promover uma sociedade justa onde todos os indivíduos sejam tratados de forma igual, com o respeito e a dignidade que merecem, independentemente de seu gênero ou origem. Ao se engajar ativamente com os governos, a Igreja, com a compaixão como marca registrada, tem o potencial de moldar um futuro melhor para todos, guiada pelos princípios de equidade e justiça – com a esperança certa para o futuro que nosso Senhor promete.
Como as igrejas da Comunhão Anglicana podem promover a justiça de gênero local e globalmente?
A Mothers’ Union e as igrejas da Comunhão Anglicana devem trabalhar juntas, liderando o caminho na promoção da justiça de gênero e desafiando estruturas injustas local e nacionalmente. Devemos trabalhar com outras religiões, agências e governos para promover uma mudança holística. Aqui estão algumas maneiras práticas de as igrejas fazerem isso:
Educação e conscientização – Realizar workshops e diálogos para aumentar a conscientização sobre discriminação e violência de gênero. Envolver as comunidades em conversas sobre direitos das mulheres e papéis de gênero. Usar sermões/discursos/estudos bíblicos para mostrar que mulheres e homens foram feitos à imagem e semelhança de Deus. Enfatizar o ensino sobre igualdade e dignidade para todos. Garantir que não haja restrições na participação em atividades da igreja ou no acesso à informação.
Liderança e oportunidades – Incentivar a participação de mulheres e meninas em papéis de liderança e tomada de decisões na igreja, comunidade e em nível nacional.
Serviços de apoio para mulheres, meninas e pessoas vulneráveis – Oferecer aconselhamento e treinamento de habilidades para a vida para vítimas e sobreviventes de violência baseada em gênero. Criar grupos/sistemas de apoio para aqueles que enfrentam discriminação e abuso. Fornecer espaços seguros na igreja e na comunidade.
Ação comunitária – Estabelecer redes e parcerias com ONGs e outras agências com expertise em justiça de gênero. Organizar atividades na igreja e na comunidade para conscientizar sobre questões de gênero e promover a igualdade de gênero.
Envolvimento juvenil – Desenvolver programas para jovens que desafiem os estereótipos de gênero. Criar programas de mentoria para jovens mulheres e meninas. Educar os jovens e meninos sobre masculinidade saudável e respeito pelas mulheres.
Advocacia – Pressionar os governos para fazer cumprir leis e políticas atualizadas de justiça de gênero nos níveis local, nacional e internacional. Falar contra práticas culturais prejudiciais que discriminam as mulheres. Usar a autoridade moral da igreja para influenciar a opinião pública sobre questões de gênero.
Empoderamento econômico – Apoiar iniciativas de empoderamento feminino com recursos da igreja. Incentivar práticas de emprego justas na igreja e na comunidade. Fornecer suporte ao empreendedorismo para mulheres.
Colaboração inter-religiosa – Trabalhar com outras comunidades de fé para abordar questões comuns de justiça de gênero. Compartilhar melhores práticas e recursos entre diferentes grupos religiosos. Apresentar uma frente unida contra a discriminação de gênero.
Vida familiar – Oferecer aconselhamento pré-marital que enfatize a igualdade de gênero. Incentivar os pais a assumirem papéis ativos nos cuidados infantis e nas responsabilidades domésticas. Organizar workshops sobre relacionamentos saudáveis, parceria igualitária e tomada de decisão compartilhada e torná-los acessíveis a todos.

